De fato, o campo jurídico sofre cotidianamente com a influência marxista nas decisões judiciais, publicações doutrinárias e modificações legislativas. Acredito que um sistema jurídico influenciado pelo marxismo é axiomaticamente um sistema menos justo.
Na academia, a doutrinação marxista é mais velada, mas o significado de direito para os juristas deste matiz é algo como um “não direito”. Explico melhor: para eles o direito seria mera expressão (na dimensão da superestrutura) da luta de classes, na forma desvirtuada na qual o marxismo descreve a realidade. Como para a filosofia marxista e pós-moderna não há uma única moralidade exigível, também para o direito não haveria uma única “resposta certa” (right answer thesis) para cada caso.
Ou seja, “vale tudo”, e o direito seria uma técnica que comporta decisões de qualquer conteúdo. Isso faz com que o campo jurídico seja percebido pela esquerda como mais uma arena de luta política: como não há justiça e o direito pode ser moldado para defender qualquer interesse, é melhor que ele seja estrategicamente manipulado para proteger as “classes mais desfavorecidas”.
Faço um paralelo entre este “paradoxo da justiça esquerdista” com o modelo econômico não-liberal da Rússia pós-comunismo. Da mesma forma que lá se implantou um capitalismo tão selvagem e sujo quanto a nomenklatura acreditava que o capitalismo é, o direito, quando aplicado pela esquerda, é aplicado da forma como a esquerda entende que o direito é: um discurso esvaziado de qualquer conteúdo de justiça, cuja única utilidade é o seu valor como estratégia política.
Aos que acreditam que a tal da “justiça social” justifica a violação de direitos individuais, detesto clichês, mas, de boas intenções, o inferno está cheio…