Para Hayek, certas visões científicas e políticas amplamente difundidas são dependentes de uma concepção particular sobre a formação das instituições sociais, que ele chama de “racionalismo construtivista” – uma concepção que assume que todas as instituições sociais são, e devem ser, o produto de um projeto deliberado. Hayek acredita que as mais importantes diferenças científicas e políticas (ou “ideológicas”) (com aspas e entre parênteses no original) do nosso tempo residem no fim em certas diferenças filosóficas básicas entre duas escolas de pensamento:
- Racionalismo evolucionário (ou crítico, segundo Popper); e
- Racionalismo construtivista (ou ingênuo, segundo Popper).
O positivismo jurídico (que Hayek associa à crença em um poder soberano ilimitado), o utilitarianismo e as doutrinas totalitárias (das quais o socialismo é apenas a mais nobre e influente) pertenceriam ao racionalismo construtivista.
A abordagem de Hayek em favor do racionalismo evolucionário resolveria o problema crucial da organização política: a indagação de como limitar a “vontade popular” sem colocar outra “vontade” acima dela. Assim que se reconhece que a ordem básica da Grande Sociedade não pode derivar inteiramente de um projeto, e também que não pode visar de forma previsível a objetivos específicos, percebe-se que o comprometimento com princípios gerais aprovados pela opinião comum (uma condição de legitimação de toda a autoridade) pode muito bem colocar restrições efetivas na vontade da autoridade, incluindo aquela decorrente da maioria do momento.